domingo, 8 de maio de 2016

Mais Majdanek

Estivemos agora em Majdanek. Vimos de perto a crueldade da máquina nazista. Centenas de milhares de pessoas foram assassinadas neste terrível campo de concentração e extermínio. O campo ficava a poucos quilômetros da cidade de Lublin - certamente este é um dos aspectos mais perturbadores desse local: as pessoas estavam muito próximas e podiam ver de suas casas na cidade o que ocorria no lá, podiam perceber de seus lares o terror do campo em seu quintal.

Moshe, nosso guia, explicou que esse foi o primeiro Museu do Holocausto da história. Os russos chegaram aqui ainda antes do final da guerra (pois Lublin fica próximo à fronteira polonesa com a Rússia - na época União Soviética) e resolveram documentar a maldade e a morte que encontraram no lugar.

O idioma carece de palavras para descrever essa barbárie, já que a língua se presta a descrever aquilo que pode ser concebido pelo ser humano, ainda que no imaginário; aquilo que pode ser vislumbrado pela razão ou que, ao menos, tangencie a razão. Majdanek não pode ser descrito em palavras - não em palavras humanas.Ouvimos os depoimentos de sobreviventes. 

Ouvimos as palavras de Halina Birenbaum - que passou seus últimos momentos na companhia de sua mãe neste campo. Ouvimos sobre a dor de todos os dias. Sobre as insanas e sádicas ordens - totalmente aleatórias e ilógicas - dadas por oficiais somente para causar sofrimento (ou morte) aos prisioneiros judeus. Ouvimos as histórias de quem, aqui, viu pela última vez a sua mãe, seu irmão, seu filho.


Entramos num pavilhão. Toneladas de sapatos empilhados por todos os lados. Cada par representa uma pessoa - uma vida. Sapatos de crianças. Sapatos grandes e pequenos, de todos os tamanhos. Quem os haverá calçado? O que foi de suas vidas? Por onde andaram esses sapatos? O que é de seus donos?

Vimos a proximidade do campo com a cidade - os cidadãos que assistiam passivos ao massacre que ocorria diante de seus olhos, que sentiam o odor fétido da morte e percebiam as cinzas que emanavam do campo. Vimos as câmaras de gás, os alojamentos (verdadeiras armadilhas, onde a fome, a doença e as condições precárias eram cúmplices silenciosas dos nazistas em sua matança). Vimos o local onde os nazistas profanavam os corpos, a procura de dentes de ouro ou jóias que, eventualmente, a vítima poderia ter engolido na esperança de usá-las no futuro para subornar um guarda ou para conseguir um pedaço de pão. Nem mesmo após a morte podiam deixar que descansassem em paz. Vimos também os fornos crematórios - destinados a reduzir um ser humano à nada.

Num extremo do campo há hoje um monumento com as cinzas de milhares dos mortos de Majdanek. Fizemos lá uma breve cerimônia. Recitamos o E-l Malê Rachamim e cantamos o Hatikva. Por um momento, nos conectamos espiritualmente com todos aqueles que passaram por aqui.

Isso tudo aconteceu. E hoje estamos aqui, diante de tudo. Apesar de tudo. Daqui, deste lugar triste, de dor e de morte, levaremos lições para a vida.

Agora estamos viajando ao aeroporto - em breve começaremos uma nova etapa de nossa marcha - Israel.









Um comentário:

  1. Vocês me deram o melhor presente que eu poderia ganhar no dia das
    Maes! A marcha na Polônia será inesquecível!! Parabéns para vocês e para todas as mães.

    ResponderExcluir