Gostaria de compartilhar com vocês um pouco mais do que estamos vivendo aqui, hoje, em Yom Hazikaron. Falei ontem da importância da data para toda família em Israel. São todos enlutados nesse dia, seja por um pai, um irmão, um filho, um colega de armas ou um amigo de escola. A difícil realidade imposta a este jovem país afeta todos os seus cidadãos. As rádios e os canais de televisão interrompem suas programações por 24 horas ou transmitem apenas documentários, entrevistas e músicas tristes relacionadas ao assunto.
Ontem à noite escutamos canções e poemas sobre pessoas que se foram. Em sua maioria jovens, deixando suas mães, esposas, filhos pequenos... o mundo. Ouvimos palavras de pais e de filhos, de namoradas, maridos e esposas. Hoje, no Har Hertzl, escutamos o discurso de Bibi Netaniahu, que perdeu o irmão, Yoni, na operação Entebe - uma arriscada e heroica iniciativa para resgatar reféns na Uganda.
Toda essa tristeza se transformará em júbilo dentro de algumas horas. Israel reconhece que foi o esforço dos que tombaram que nos permitiu ter um país independente - hoje à noite comemoramos Yom Haatzmaut - 68 anos da independência de Israel. Assim ouve-se todo o tempo nas cerimônias, em relação aos que pereceram: "Eles, através de suas mortes, nos ordenaram a vida"
O país inteiro para hoje por tanto. Para lembrar durante o dia e para comemorar durante a noite. Em Yom Hazikaron soam duas sirenes, uma de noite, às 20h e a outra de manhã, às 11h. São dois minutos que unem o país. Pelas estradas, os carros encostam. Os transeuntes pelas ruas se tornam imóveis, em posições de reflexão, saudade e respeito.
Compartilho com vocês um poema, lido ontem, em Arad, durante a cerimônia oficial da cidade. O poema é de Lipa Aharoni, a tradução é livre, deste que vos escreve:
Dois Minutos
Se alastra a sirene pelo ar, são dois minutos de silêncio
A comunidade silencia, emudece o barulho do anseio da cidade
Fica em silêncio o professor, o estudante, o pedreiro
O motorista do caminhão, o advogado, o vendedor, o comprador.
Inclinam suas cabeças, os trabalhadores de limpeza, os agentes da polícia, o doutor,
O tabelião, a jardineira, o artista e o público sentado à cafeteria.
Juntam-se orgulhosas e enlutadas mães, pais em dor, viúvas,
Camaradas, amigos desde o nascimento, avós, avôs, filhos e filhas.
Cala-se a discussão entre direita e esquerda, entre o secular e o religioso.
Todas as diferenças desaparecem, some toda e qualquer disparidade social.
Dois Minutos de união
Dois minutos de unidade
Dois minutos de silêncio, para lembrar, não esquecer.
Dois minutos que contém em si tesouros de poder e força.
E como nos faz falta um som de júbilo retumbante
Que contivesse em si dois minutos união por alegria
Uma alegria que nascesse e crescesse do fundo do coração
Uma alegria que nos unisse e fizesse esquecer toda a dor
E como nos faz falta num Shabat ou numa festividade
Dois minutos que nos unissem, na tradição, no costume
E outros dois minutos num dia qualquer de semana
Oh - esse seria um grande dia de independência - uma grande festa seria.
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